Chevette 1.6 Weber 40. Turbo
A
sobrealimentação é realmente a melhor escolha para preparação do motor do
Chevette, e o turbo se apresenta como a opção mais indicada entre as formas de
sobrealimentação. Não consome a (já pouca) força do motor para funcionar, como
um blower ou compressor centrífugo de acionamento mecânico, e não requer
recargas constantes como um kit de injeção de óxido nitroso. Esse motor possui
regimes de rotação relativamente baixos, em função da concepção antiga, o que
indica que suporta ainda uma preparação aspirada -- mas não se deve superar um
veneno leve, sob risco de perder torque e dirigibilidade no trânsito.
A
preparação realizada em seu carro parece bem equilibrada, tanto pela marca de
turbina escolhida, famosa por sua baixa inércia -- e por isso reduzido
turbo-lag -- e entrada em funcionamento em baixa rotação, como pela
pressão utilizada, ideal para um comportamento menos agressivo e coerente com o
conjunto original do Chevette, requerendo poucas modificações nos conjuntos de
suspensão, freios, rodas e pneus. Tudo isso deixou seu veneno barato e simples,
dentro do possível para um sistema turbo. Até o intercooler pode ser dispensado
para esta pressão sem grande prejuízo para a potência.
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o Chevette a álcool original (em azul); com turbo a 0,5 kg/cm2 (em rosa); com turbo a 1 kg/cm2, intercooler e taxa reduzida (em cinza); com turbo a 1 kg/cm2, intercooler e Weber 40 (em verde); e com turbo a 1 kg/cm2, intercooler e preparação aspirada (em vermelho) Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas |
A evolução cogitada para sua preparação atual também demonstra
equilíbrio, bom-senso e conhecimento de preparação. A única restrição à escolha
indicada fica por conta da não ter sido mencionado o uso de intercooler, apesar
de o carro ser a álcool e por isso apresentar menor risco de detonação. O ganho
em potência pelo resfriamento do ar comprimido já justifica o uso e o preço do
equipamento.
Na preparação aspirada, planejada para ser usada junto com o
turbo, seria bom também combinar ao carburador maior (Weber 40) um comando mais
bravo, para que o carburador não seja mal-utilizado. Apesar da pressão do turbo
mais alta, o Weber 40 permitirá ao motor admitir maior quantidade de mistura se
aliado a um comando mais adequado. O aumento de pressão por si só não exige o
uso de carburador maior, já que o incremento da quantidade de mistura admitida
se dá por aumento na compressão. Assim, a mistura ocupa um volume menor e não
precisa de mais espaço para ser admitida em maior quantidade. O uso de um
carburador maior, portanto, é indicado para aproveitar a faixa de giro mais
elevada que o motor do Chevette original não atinge.
Apesar de não ser
estritamente necessário reduzir a taxa de compressão (já baixa) do Chevette para
aumentar a pressão de sobrealimentação para 1 kg/cm², essa medida garante a
não-ocorrência de detonação e permite certa margem de segurança para o
preparador, que pode não ser tão experiente no acerto do ponto e da mistura.
Para o usuário fica a tranquilidade de não se preocupar tanto com a qualidade do
combustível, que no caso do álcool pode conter água, empobrecendo a mistura e
ampliando a possibilidade da detonação.
A concepção antiga do motor
também não recomenda a utilização de taxas altas, pois a refrigeração não é tão
perfeita e homogênea como em motores mais modernos e o desenho da câmara de
combustão também não ajuda muito. Mas um preparador experiente pode manter a
taxa de compressão original para trabalhar com 1 kg/cm² sem problemas, ainda
mais por se tratar de motor a álcool.
Será importante redimensionar
o conjunto de escapamento para a maior vazão de gases prevista para a nova
pressão, salvo se o conjunto aplicado atualmente já tiver sido
superdimensionado. Para saber o diâmetro aproximado a ser utilizado, e portanto
descobrir se o conjunto atual está adequado, basta imaginar que com a pressão de
admissão sendo o dobro da pressão atmosférica (1 kg/cm² do turbo mais 1 kg/cm²
da pressão atmosférica normal), o fluxo de gases pelo motor será também o dobro
do original. Com isso, a área do escapamento deve também ser o dobro, ficando
por isso o diâmetro 41,4% maior que do sistema original do Chevette. Esse número
deve sofrer ajustes para as condições atuais do motor -- taxa de compressão,
carburador, comando e outros --, ficando a cargo do preparador, que está em
contato com o carro, decidir qual o diâmetro ideal.
Simulamos nada menos
que quatro preparações para seu Chevette:
-
turbo com pressão de 0,5 kg/cm²;
- turbo com pressão de 1 kg/cm², intercooler e redução da taxa de compressão em 1,5 ponto (para 10,5:1);
- turbo com pressão de 1 kg/cm², intercooler, redução da taxa de compressão em 1,5 ponto e carburador Weber 40;
- turbo com pressão de
1 kg/cm², intercooler, redução da taxa de compressão em 1,5 ponto, carburador
Weber 40 e comando com 20° a mais de duração e 0,6 mm a mais de abertura das
válvulas.
Observe o desempenho estimado:
Original | Turbo
a 0,5 kg/cm2 |
Turbo
a 1 kg/cm2 |
Turbo a 1 kg/cm2 e Weber 40 | Turbo a 1 kg/cm2 e preparação | |
Potência máxima | 81 cv | 122 cv | 166 cv | 195 cv | 218 cv |
Rotação de potência máxima | 5200 rpm | 5200 rpm | 5200 rpm | 5500 rpm | 5850 rpm |
Velocidade máxima | 151 km/h | 173 km/h | 192 km/h | 202 km/h | 210 km/h |
Rotação à velocidade máxima | 5430 rpm | 6220 rpm | 6905 rpm | 7275 rpm | 7555 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 16,1 s | 11,8 s | 9,5 s | 8,6 s | 8,0 s |
Torque máximo | 12,8 mkgf | 19,2 mkgf | 26,3 mkgf | 26,3 mkgf | 24,4 mkgf |
Rotação de torque máximo | 3200 rpm | 3200 rpm | 3200 rpm | 3400 rpm | 3600 rpm |
Alongamento recomendado na relação de transmissão | - | 19,6 % | 32,8 % | 31,5 % | 29,0 % |
Aumento recomendado na injeção de combustível | - | 41,7 % | 83,3 % | 83,3 % | 83,3 % |
Aceleração longitudinal no interior do veículo | 0,39 g | 0,53 g | 0,65 g | 0,72 g | 0,78 g |
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão. |
O cálculo da velocidade máxima é um dos mais precisos feitos pelo
simulador de preparação. Com a correta relação de câmbio a margem de erro obtida
é inferior a 1%, considerando que a potência calculada seja correta para que não
haja acúmulo de erro. Isso ocorre porque a fórmula de cálculo da velocidade
máxima leva em conta a velocidade original, e com ela todo o arrasto
aerodinâmico a que o carro está submetido. Considera também o aumento de arrasto
aerodinâmico que ocorre com o aumento de velocidade. A relação entre a nova
potência e a nova velocidade final é precisa e já bastante tarimbada nos meios
de engenharia, e serve inclusive para um cálculo inverso da nova potência do
motor, ou seja: pode-se medir a nova velocidade final do carro e calcular a
potência que o carro tem depois de preparado, com bastante precisão, desde que a
relação final do câmbio tenha sido corretamente dimensionada e que a medição
seja feita com o mínimo de erro.
Seu carro já dispõe de um desempenho
bastante interessante, sendo comparável a carros de cilindrada maior, mas com a
nova preparação pretendida ele será capaz de superar praticamente todos os
esportivos de fabricação nacional. Deve-se considerar reforçar o câmbio e
diferencial, pois o torque será mais que o dobro, superando a folga de
resistência do equipamento original. Pode ocorrer ainda que a programação do
câmbio automático não se mostre mais adequada à nova curva de torque do
motor.
Como sempre será necessário redimensionar o conjunto de freios,
pneus e rodas, com pastilhas e lonas mais macias, adoção de discos ventilados à
frente e se possível de discos sólidos atrás (bastante eficientes em carros de
tração traseira). Recalibrar a suspensão é também necessário, com molas e
amortecedores de maior carga. Pneus podem ser 185/60 R 14 V ou 195/50 R 15 V,
com preferência para estes. Com tudo isso você poderá desfrutar do novo
desempenho sem receios, Mauro. E bom proveito de seu revitalizado
Chevette!